Como navios blindados seguimos em frente, resistindo ao inimigo de nossa alma, lutando até o sangue contra o pecado e vencendo o mundo, pelo temor do Senhor, o Deus Todo-Poderoso.

(Cada autor deste blog é responsável por suas opiniões e criações)

sábado, 27 de dezembro de 2014

Unidade

Nos dias de hoje, o individualismo e a independência humana são práticas disseminadas massivamente em todos os segmentos da sociedade, seja por meio dos veículos de comunicação, seja pela qualificação profissional, ensino escolar e até mesmo pelo ensino eclesiástico, malgrado a missão deste último seja pregar união e unidade da Igreja com fito de glorificar a Deus.

Diante das individualidades – não o individualismo – dos membros deste corpo uno que é a Igreja, debaixo de um bombardeio de ideologias antropocêntricas advindas do puro egoísmo humano, cercados pela indiferença crescente desse mundo cada vez mais virtual, como entender as situações e proceder para o progresso da unidade do Corpo de Cristo?

Nosso objetivo não é apresentar as soluções para todos os conflitos deste tema, mas apontar alguns esclarecimentos sobre quem somos e como devemos nos portar a partir daí.

Aqui cabe salientar que, desde o princípio, Deus criou com variedade os seres humanos. Primeiro criou Adão e Eva, variedade de gênero, homem e mulher (Gênesis 2). Em seguida, Caim e Abel nasceram, lavrador e pastor, respectivamente, variedade de ofícios (Gênesis 4).

Observe-se que as individualidades têm que atender aos objetivos principais de sua criação. Bem administrada, a variedade de gênero levou à multiplicação dos habitantes da terra. Mal administrado por parte de Caim, seu ofício não obteve êxito em agradar ao Senhor (Gênesis 4:5-7).

Em seu Ministério aqui na terra, Jesus Cristo uniu diversos discípulos, entre eles: os 12 apóstolos, Paulo e Matias. Os discípulos, de uma forma geral, eram pessoas de diferentes classes da sociedade, com diferentes profissões, de diferentes envergaduras culturais e econômicas e mesmo assim compunham a o corpo da Igreja Primitiva.

Entre os apóstolos, dos quais dispomos de algumas informações minuciosas, havia os pescadores, o publicano, o zelote, os fleumáticos, os coléricos, os estudiosos, os tímidos, os egoístas, os desconfiados, os honestos, os eloquentes e outros muitos adjetivos, e, mesmo diferentes entre si, foram comissionados em grupo unido em torno de algo comum a todos, o Evangelho de Cristo.

Em boa parte das ocasiões, o problema não está nas diferenças entre as pessoas, mas no manejo dessas diferenças.

A Igreja local não foge a esse cenário. Somos todos membros diferentes de um mesmo Corpo e com um objetivo em comum. Somos estudantes, motoristas, policiais, professores, faxineiros, eletricistas, dentistas, arquitetos, mecânicos - dentre uma gama de profissões. Somos pessoas calmas, explosivas, alegres, sisudas, polidas, ríspidas, desinibidas, tímidas, dentre uma infinidade de personalidades.

Todas essas individualidades, se mal administradas, nos levarão sempre a dissoluções, separações, conflitos, por causa da cobiça, da soberba, da intolerância, do egoísmo.

Todos nós fazemos parte da Igreja Visível, formando, naturalmente, um grupo imperfeito de imperfeita conduta. Nas palavras de Agostinho “um corpo misto” composto por crentes e não-crentes.

Quer dizer que devemos nos acomodar com o joio crescendo junto ao trigo, usando o argumento da “unidade a qualquer custo”? Penso que não.

No ensino de R. C. Sproul, a missão do crente é fazer Visível a Igreja Invisível, santa e imaculada, transparente mas vista por Deus.[1]

Ora, irmãos, o que nos diferencia dos demais grupos sociais é nosso compromisso com a Verdade do Evangelho. Se o mundo prega o individualismo, e nós a unidade, o que se opõe ao singular? O coletivo.

Então, como proceder, que recursos utilizar para obter êxito nesta missão coletiva? Vejamos o que diz o texto de Efésios 4:1-32 e 5:1-2:

“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo. Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens. Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até às regiões inferiores da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas. E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor. Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza. Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade. Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo. Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.

Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.”

Como Cristo, usando de humildade, mansidão, longanimidade e suportando-nos uns aos outros em amor, iremos nos tornar um Corpo cada vez mais ajustado, para desempenhar bem o serviço pelo qual somos comissionados.

Nesses dias de final de ano, sempre há quem diga que o ano vindouro será melhor. Mas como acreditar nessa afirmação se “melhor” quer dizer “aprimorado”? E como aprimorar se não há disposição pessoal em rever condutas e conceitos próprios?

Pensemos e reflitamos sobre quão interessados estamos no coletivo em detrimento do individual. Sobre o quanto estamos interessados em agir com humildade para considerar o próximo em melhor estima.

“Os gafanhotos não têm rei; contudo, marcham todos em bandos.” Provérbios 30:27


Finalmente, quero dedicar este pequeno e singelo artigo a um amigo que faz aniversário hoje, 27.12.14. Ao Henrique Maravalha, que tem se tornado um amigo mais próximo que um irmão, com sua vida tem ensinado sobre humildade, mansidão, longanimidade e tolerância. Obrigado por fazer parte dessa unidade comigo, irmão.








[1] SPROUL, R. C. in “Verdades essenciais da fé cristã – 3º caderno”.

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