Como navios blindados seguimos em frente, resistindo ao inimigo de nossa alma, lutando até o sangue contra o pecado e vencendo o mundo, pelo temor do Senhor, o Deus Todo-Poderoso.

(Cada autor deste blog é responsável por suas opiniões e criações)

domingo, 29 de março de 2015

Obedecer é reflexo

Mantendo o padrão dos dois primeiros textos que postei no blog, gostaria de iniciar expondo o significado da palavra OBEDECER: Submeter-se à vontade, cumprir as ordens de. (Dicionário de português MICHAELIS). Algo que me chamou atenção quando procurei o conceito da referida palavra, é a aplicação em uma frase que a maioria dos dicionários colacionam em seus textos, pois estes sempre trazem versículos bíblicos.

A Palavra do Senhor é de objetividade inquestionável quando fala sobre o tema. Acredito que todos os livros que compõem as Sagradas Escrituras versam em algum momento, ou em vários, sobre essa conduta de amor que é a obediência. O que não nos faltam são exemplos de homens que, verdadeiramente, serviram submissamente ao Senhor – Ex.: Abraão, Daniel, Paulo.

Desses exemplos que temos, podemos destacar algumas qualidades que são comuns a todos, mas quero ressaltar na presente reflexão, o AMOR e a FÉ. Todos esses homens do Senhor, confiavam em seu Deus. Mesmo em meio a aflições, Deus foi glorificado. Mesmo tendo colocado suas vidas em risco, esses homens, por meio do Espírito Santo, fugiram do que era errado e combateram o pecado.

Muitas vezes me vejo desobedecendo a Deus por não confiar verdadeiramente, por querer ter algum controle, ou em razão de uma autossuficiência que acredito possuir, mas que só me conduz ao pecado. Obedecer é uma luta constante contra a carne. Quando reconhecemos que somos fracos, podemos buscar a força naquEle que é O maior, O Soberano, O Senhor de toda terra. Somente por Jesus Cristo é que somos vencedores.

O Amar é o princípio da obediência: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14.15 – ARA). Se amamos, confiamos e se confiamos, consequentemente obedecemos.

Que possamos refletir cada um dos sentimentos e atos que norteiam nossa caminhada cristã, a fim de que sejamos fiéis em todos os momentos, assim como Nosso Rei Jesus o foi. Orando e Vigiando! Trabalhando cada dia para que estejamos sempre juntos a fonte, cheios do espírito, tendo uma vida que honre e glorifique o nome do SENHOR.


Porém Samuel disse: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros. (1 Samuel 15.22 – ARA)

sábado, 21 de março de 2015

A Insuficiência da Cruz e da Coroa

Antes de ser apedrejado como bem dissertou meu irmão Vinícius neste texto aqui, gostaria de explicar ao leitor o porquê deste título e o porquê deste tema.
Refletindo diariamente sobre qual assunto deveria abordar, não encontrava nada que me enchesse de motivação e inspiração. Sem assunto não há texto! Eu pensava: “Devo tratar de um assunto polêmico ou mais brando? Devo utilizar tal e tal linguagem ou essa outra? O que será que ninguém falou ainda? Eu quero fazer diferente!”.
E, recentemente, lendo um livro de um sociólogo chamado Gaston Bachelard, em dado momento, ele solta esta frase: “Diante do real, aquilo que cremos saber com clareza ofusca o que deveríamos saber.” Percebi então que o mais impactante para cada um de nós é perceber que enfim o mundo não é como pensávamos ser, ou, as ideias que tínhamos não são as corretas. Digo ainda mais: mais que ideias, temos costumes inquestionáveis, opiniões “irrefutáveis” e crenças etnocêntricas que de certa forma (ou de todas as formas), nos impedem de enxergar a verdade, o real. Somos tão apegados ao que cremos, aos nossos costumes e jeitos, que, quando confrontados com o que realmente é absoluto, tendemos a ignorá-lo.
É interessante citar que qualquer opinião ou ideia ou costume 100% humano, à luz das Escrituras se faz pó.
“Aaaah Caio, mas ainda não entendi o que tem a ver a heresia no título com essa filosofia barata!” Calma padawan, o texto começa agora.

Vamos separar nossa linha de pensamento por partes. O que cremos saber sobre a cruz de forma resumida? Ajudem-me:

- Cristo a carregou até o monte Gólgota. (Jo 19.17)
- Foi pregado nela pelos pulsos (mãos) e tornozelos (pés) (Jo 19.18)


Apenas isso? Sim, se analisarmos a bíblia literalmente, só aparecem três cruzes físicas em toda a Escritura, a de Jesus e a dos dois ladrões. Mas... No sentido figurado podemos encontrar ainda outras cruzes:

- O próprio Jesus nos exorta a cada um de nós crentes a carregar sua cruz, querendo indicar que todos devemos sofrer por Deus na terra. (Lc 9.23-24)
- Vários textos nos dizem que a cruz é que nos redimiu com Deus, que a cruz é a ponte, pois foi lá onde Jesus padeceu. (Ef 2.16)
- Autores do Novo Testamento usam o termo “cruz” como se fosse a causa, como se a cruz abrangesse todo o plano de Deus para a redenção do homem. (Fp 3.18)

Ok, acho que conseguimos resumir. Mas o título aborda ainda um outro elemento simbólico da fé cristã. A coroa, no caso, de espinhos. Essa é um pouco mais fácil, vamos tentar relembrar o que entendemos quando ouvimos falar nesta peça, logo no sentido literal e figurado:

- Os soldados teceram uma coroa de espinhos e a puseram na cabeça de Jesus como forma de escárnio por ele se dizer rei dos judeus. A coroa simboliza a humilhação de Cristo de se tornar homem sendo um Deus tão grandioso, a ação de se esvaziar da sua glória e forçar uma divindade infinita a caber em um corpo corruptível e imoral. (Jo 19.2,5)

Você usaria?
Encerramos essa linha de raciocínio. Entendemos como, de uma forma geral, os crentes costumam interpretar e aplicar estes símbolos nas suas teorias e como costumam viver por elas. De uma forma mais profunda, se chegarmos a alguém firme na igreja, um santo verdadeiro, temente a Deus e perguntarmos o que quer dizer a Cruz e a Coroa, ele vai dizer a mesma coisa, com outras palavras que Spurgeon: “Será que um homem que ama o seu Senhor estaria disposto a ver Jesus vestindo uma coroa de espinhos, enquanto ele mesmo almeja uma coroa de louros? Haveria Jesus de ascender ao trono por meio da cruz, enquanto nós esperamos ser conduzidos para lá nos ombros das multidões, em meio a aplausos?”. E prontamente citaria Lucas 9.23, 2 Timóteo 3.12, Hebreus 11:32-38, 2 Coríntios 12:10, Filipenses 3:8 ou Atos 5:40, afirmando que é necessário sofrer por Cristo aqui na terra. Que é necessário ser perseguido pelos ímpios. Que é necessário (resumindo tudo), carregar sua cruz.

Mas será que o necessário sempre é o essencial?
Podemos ora, achar necessário comer fora todas as noites, mas, o que de fato é essencial? A comida. Assim como podemos também achar necessário sofrer por amor a Deus (e de fato é), mas, o que é essencial? O que Deus nos diz ser essencial? Se você até aqui chegou, reflita um pouco. O que nosso Deus quer? Que soframos ou que amemos?

Vamos encarar o fato de carregar a cruz um ato público. Quem sofre por Cristo geralmente abandona família e amigos, é ridicularizado no trabalho, na escola, é tido como “o moralista” no seu círculo de relacionamentos, recebe apelidos, piadinhas, etc. Acontece que tem gente que faz disso seu motivo de vida, não fala de outra coisa e bate no peito (mesmo que em pensamento) pra dizer que sofre mais perseguição do que outros. Esse tipo de pessoa é aquele que sempre procura uma forma de encaixar o seu sofrimento como testemunho ou simplesmente como história de vida, que na primeira oportunidade em grupos de estudos, conversa de amigos, roda de conversa na igreja, logo tem um causo pra contar. Seja sobre uma piada que recebeu no trabalho, ou sobre quando foi evangelizar um colega de faculdade e hoje esse colega não fala mais com ele, e por aí vai. E sempre depois ainda fala: “Mas graças a Deus por isso”.
A insuficiência da cruz do título trata-se na verdade da nossa cruz. Trata-se em resumo, da não essência do sofrimento por Deus. É necessário? É muito. Mas não é o essencial. Não foi pra isso que Jesus veio primariamente. Isto é uma consequência.
A mesma coisa sobre a coroa. Existem aqueles que usam uma coroa de espinhos e seguem exibindo-a por aí, como se ser humilhado em favor de Deus o fizesse mais amado por Ele ou mais crente do que os outros. Novamente volto a repetir: a humilhação faz parte da vida cristã, mas não é a essência. Segue então a história de Márcia e Joel:

Márcia e seu vizinho Joel estavam brincando de desenhar no quintal. Ficaram ocupados durante alguns minutos com os lápis de cor quando Márcia olhou para o desenho de Joel.
- Que desenho mais bobo!
- Não é bobo, não.
Em seguida, Joel baixou a voz e perguntou:
- Por que o achou bobo?
- Isso aí não é uma igreja com pessoas orando? -perguntou a Márcia.
- É - respondeu o menino.
- Então por que você desenhou um sorriso em todas as pessoas? Todo mundo sabe que as pessoas são tristes na igreja!
- São mesmo?
- São sim. Eu ri na igreja do Pedrinho uma vez e gritaram comigo. Acho que Deus não gosta que as pessoas riam na casa dEle. E quando você fala com Ele, deve abaixar a cabeça e ficar muito triste.”.

Infelizmente, alguns cristãos têm feito a sua vida parecer amarga, cinzenta, triste e incolor. Muitas pessoas têm a noção de que Deus não quer que você sorria; que a felicidade é totalmente proibida e que ser um cristão significa estar sentenciado a uma vida de muita tristeza.
O que seria então a essência do viver cristão, uma vez que carregar a minha cruz e usar minha coroa de nada serve?

Jesus diz em Lucas 10.27 quando questionado sobre como herdar a vida eterna: E, respondendo ele, disse: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.”.
Perceberam algo de semelhante nas duas ações? Exato, o verbo é amar. A essência do cristianismo, novo ou velho testamento, se resume em amar a Deus e em seguida o próximo. Sem querer entrar no mérito de tipos de amor e diferentes traduções do grego, quero apenas frisar que sem amor, não há cristianismo. Se todos os nossos atos, começando do mais ínfimo até o mais colossal não estiverem revestidos, transbordando de amor, de nada serve. Nem mesmo carregar uma cruz por quilômetros ou usar uma coroa e receber cusparada no rosto podem ter alguma serventia pra Deus se não tiver amor. Na realidade, esses atos iniciados e perpetuados pelo Messias só foram tão importantes e imponentes porque foram feitos por e com amor. Mas não qualquer amor. Era (e é) um amor tão profundo que ultrapassa as barreiras do nosso entendimento. Dizem que a imaginação não tem limites, mas assim como você não pode imaginar uma nova cor, não pode entender o amor de Deus, apenas aceitá-lo. (Jo 3.16)

Como você vive? Ostentando sua cruz pesadíssima e sua coroa espinhosa ou amando a Deus? Lembre-se que Jesus não parou de arrastar sua cruz no meio da rua pra chorar e lamentar, como também não gritou quando estava sendo duramente espancado: “OLHEM MINHA COROA! ESTOU SOFRENDO TANTO!”
Ele suportou tudo com muita tristeza e humilhação, mas também com alegria no coração por estar agradando ao Pai. (Lc 22.42)
A ti te interessa ser humilhado publicamente e ganhar favores de homens ou suportar tudo com mansidão e agradar ao Pai?
Não te esqueças que se suportar essa coroa de espinhos com paciência, ganharás a coroa da vida na glória. Mas se achar que é por essa de espinhos que vale a pena viver, eu tenho péssimas notícias.
Que Deus nos abençoe e nos dê forças pra cumprir sua Palavra e amar sem soberba!

domingo, 15 de março de 2015

Imunidade

Nesses dias de batalha que temos que viver até o Dia de Cristo, como superar as dificuldades impostas tanto pelas circunstâncias da vida quanto por nós mesmos quando não conseguimos nos desvencilhar dos próprios medos e extinguir nossas deficiências?

(Se puder, pegue agora sua Bíblia e leia o capítulo 17 de 1 Samuel.)

Insta advertir que este artigo não deve ser rotulado como algum com teor de autoajuda, que por sinal, estão aos montes por toda parte nesse mundo antropocentrista que nos cerca. Mas, quero incentivá-lo a observar tudo o que suas mãos podem trabalhar e alcançar a partir do momento em que sua força, confiança e obediência advirem e retornarem em glória ao Deus vivo.

Por diversas vezes somos assaltados pelos pensamentos de derrota como o descrito no versículo de 1 Samuel 17.11: “Ouvindo Saul e todo o Israel estas palavras do filisteu, espantaram-se e temeram muito.” Para a maioria das pessoas funciona assim, basta aparecer uma situação complicada para o medo se manifestar de inúmeras formas, seja pela própria covardia, ou pela perplexidade, ou pela desconfiança, ou pelo desânimo por se sentir incapaz.


Há muito o rei Saul não confiava mais em Deus como seu protetor e sua esperança. No v. 25 Saul demonstra que esperava que sua vitória no duelo contra Golias viesse pelas mãos do guerreiro que sua riqueza pudesse encorajar, seduzir, incentivar a enfrentar o desafio. Assim, ao se deparar com a impotência decorrente de sua prepotência em confiar no poder de sua própria opulência, Saul teme, e seu exército sente o líder abalado pelo medo da destruição iminente. Essa é a consequência da confiança depositada no lugar errado.

Depreende-se pela narrativa do capítulo 17 que o medo e a desconfiança são sentimentos contagiantes, pois todo o exército estava apavorado. Mesmo assim, é certo que no exército israelita havia soldados fortes, valentes e capazes em seus treinamentos militares para lutar contra o gigante. A apatia dominava o espírito dos guerreiros.

O espetacular é ver no v. 28 a tentativa frustrada de Eliabe, numa atitude invejosa e mesquinha, em contagiar Davi com a covardia que lhe acachapava a moral. Todavia, por que Davi estava imune aos sentimentos de derrota que permeavam os corações daqueles homens?

Porque Davi era forte, valente, homem de guerra, sisudo em palavras e, acima de tudo, porque o Senhor era com Davi. (1 Samuel 16.18)

Quando Davi, diante do rei, dispôs-se em duelar com Golias, mais uma vez, Saul demonstrou inconsistência: v. 33 “Porém Saul disse a Davi: Contra os filisteus não poderás ir para pelejar com ele; pois tu és ainda moço, e ele, guerreiro desde a sua mocidade.” Ato contínuo, com uma intrepidez a toda prova, Davi respondeu que poderia abater o gigante como abateu o leão e o urso no campo quando pastor, e que assim o faria porquanto o filisteu afrontara o Deus vivo (vv. 34-37).

Destarte, Davi, o pastor de ovelhas, menor de seus irmãos, que não suportava manejar uma armadura, sem espada, lança ou escudo, nos ensina uma lição essencial sobre a confiança que devemos ter em Deus: v. 45b “(...) eu, porém, vou contra ti em nome do SENHOR dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado.

Davi não lutou em nome de Saul ou do dinheiro de Saul, muito menos confiado única e exclusivamente em suas próprias forças; o pastorzinho guerreou bravamente em nome do Senhor que nos sustenta e nos livra das mãos dos nossos inimigos e das armadilhas que intentam nos agarrar num abraço mortal. Davi manteve-se imune às ondas indolentes nas quais os covardes estavam mergulhados.

O resultado do duelo Davi x Golias todos já conhecem.

Assim sendo, ore e busque um caráter forte e corajoso, imune aos apáticos, como o de Davi; e creia, confiante que Deus está e sempre estará contigo nas batalhas.



Deus nos bendiga.

terça-feira, 10 de março de 2015

Pedras: Atire-as ou Largue-as!

Nós, como ótimos pecadores que somos, ao longo de nossa caminhada cristã, vamos adquirindo alguns hábitos pecaminosos, ou melhor, acabamos não nos livrando de muitos deles. Agora, estes delitos não incomodam mais, viraram costume e acabamos nos apegando a eles. Todavia, não deixam de ser o que são: PECADO! Infelizmente, isso é inerente a todo ser humano, não há quem não cometa erros e não possua falhas no seu caráter. (Romanos 3:10-12)


     Antes de iniciar, de fato, a expor o proposto, tenho algo um tanto curioso a revelar. Talvez não faça tanto sentido, mas decidi compartilhar, até porque quero fazer deste, um texto pessoal, de forma que você, leitor, sinta-se dentro dele, como se estivéssemos num diálogo confortável e descontraído. A verdade é que durante meses pensei e planejei escrever neste blog um tema, uma proposta, um formato e tudo quanto se possa imaginar de um texto. Já estava tudo definido; mas, por algum motivo, senti um certo incômodo (sinto-me um tanto receoso de atribui-lo a Deus), mas creio que foi algo um tanto diferente. De repente, eis que surgem novas ideias e um novo texto: Eu enxerguei quantas pedras tenho carregado comigo e a urgente necessidade de largá-las. Eu precisava dividir tudo isso, para que se, porventura, mais alguém se encontrar nesta mesma situação, eu possa servir como instrumento de ajuda e, mesmo que seja o contrário, que todo o contexto sirva de exemplo para reflexão.

Creio que até agora nada está muito claro, espero que não esteja entediado, continue firme na leitura!

     Encontrei dois textos que podem expressar com perfeição tudo o que quero passar como ensinamento. O primeiro se encontra no livro de Atos, e o segundo, que será exposto logo em seguida, encontra-se no livro que escreveu João. Espero ser bem sucedido!


E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele. Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus; E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus. Mas eles gritaram com grande voz, taparam os seus ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas capas aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu. (Atos 7:54-60)


     Tomei apenas um trecho do capítulo 7 de Atos, que por sinal é um capítulo riquíssimo e cheio de detalhes, e, mesmo tendo tomado apenas um trecho, a ideia não é a exposição total, mas apenas abordar o que creio ser conveniente dentro do tema por mim proposto. Quero que atentem para duas figuras, Estevão como mártir, como alguém que foi injusta e cruelmente morto, e, para aqueles que o mataram, para os furiosos e arrogantes hipócritas, aqueles que se achavam os mais nobres possuidores da verdade.





     Neste primeiro momento, teremos as pedras sendo atiradas; em princípio, a postura daqueles que atiravam as pedra me indignou; na verdade, até agora não me conformo. Mas Deus, na sua bondade, fala conosco; Ele falou comigo e mostrou-me a minha semelhança com aqueles que apedrejaram Estevão. Sendo assim, eu lhe pergunto: Até que ponto somos tão diferentes deles?

     Confesso que, por muitas vezes, lancei todas as pedras que possuía em mãos, dispensando toda a minha fúria ao apedrejar um "inocente"; depois, ao meditar e rever minhas atitudes, fiquei profundamente triste. Mais uma vez vos pergunto: Onde estão as suas pedras, o que tem feito com elas? Seja sincero consigo, será que porventura nunca foi injusto em atirá-las? Saiba que só há duas possibilidades neste contexto, ou você é um dos atiradores, ou é Estevão.

     Eu mesmo sou um ótimo atirador de pedras. Parece até que possuo este dom. Com você é diferente? Mas, também, já estive do outro lado da moeda. Devo assumir que não fui tão bem sucedido. É difícil ser apedrejado calado e ainda ver com tanta nitidez os céus abertos e a glória do SENHOR. Quero, com tudo isto exortá-los, para que não sejamos tão duros de coração, a ponto de "matar" pessoas inocentes.

     Também almejo, por fim, colocar mais uma situação: e se você estivesse no lugar de Estevão, o que faria? (Reflita!) Você seria capaz de repetir tudo o que foi feito e dito por ele, perdoando àqueles que estão te matando? Você pediria para que Deus, o Justo, não lhes impusesse pecado algum? Meu Deus, como isso é difícil, parece impossível. Pois, assim como somos inclinados a apedrejar, também não temos vocação para sermos apedrejados, são duas questões na qual temos bastante dificuldade.


Neste primeiro momento, quem é você: um mártir ou um exímio atirador de pedras?



     Agora, vamos ao segundo momento: a outra situação e o outro texto proposto, onde as pedras estão sendo largadas. O texto se encontra no livro que foi escrito por João, capítulo 8. Veremos a história da mulher adúltera!


Jesus, porém, foi para o Monte das Oliveiras. E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se, os ensinava. E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto, redarguidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio. E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais. (João 8:1-11)




Então, temos algumas situações: uma mulher adúltera, um povo hipócrita, que indevidamente queria julgá-la e um Jesus bondoso que perdoa pecados e traça uma nova história. Quero usar esse texto para mostrar que a melhor solução é olhar para a nossa própria vida. Não devemos lançar pedras em quem quer que seja, nem mesmo numa mulher adúltera, que na época era tida como maldita. 
Quero, aqui, deixar bem claro que a mulher merecia, sim, ser apedrejada, mas o povo não poderia assim fazer somente a ela, a lei obrigava que o casal fosse morto. Na passagem vemos que não haviam apanhado o homem, apesar de terem o flagrado. Sendo assim, não poderiam atirar sobre ela suas pedras. A intenção dos acusadores era tão somente colocar Jesus em uma armadilha. (Leia Levítico 20:10 e Deuteronômio 22:22)  

     Jesus, mesmo sendo tão puro e santo, não julga nem aponta os pecados da mulher. Pelo contrário, Ele procura ajudá-la. Fico me perguntando o que eu faria em uma situação como esta, se eu seria como Jesus ou como os fariseus. Penso que estamos sempre inclinados a adotar uma postura de juiz e a fazer os nossos pré- julgamentos.

Assim como, no texto de Atos, as pessoas retratadas nesse último texto também estão erradas. Mesmo a mulher estando em pecado, ninguém teria autoridade para tal ato executar. Mas, desta vez, temos um personagem que muda toda a história: Jesus! É Ele quem convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo. (João 16:8) Diferente da outra situação, nesta vemos a figura convencedora de Jesus. Ele mostra ao povo que eles estão errados, e que não podem continuar. Mas como Ele consegue isso? Simples, ele faz o povo olhar para o próprio umbigo, e ver que ninguém estava tão puro e apto para apedrejar a mulher, mesmo que fosse uma adúltera. Nem mesmo Jesus a acusou, por que eles fariam isto? Infelizmente nós somos assim: preferimos julgar aos outros, afinal é bem mais fácil. Mas, aquele que estiver sem pecado que atire a primeira pedra! Que frase fantástica. Realmente, Jesus era, é e para sempre será o Rei dos reis, o Senhor entre os senhores, o Deus único e tremendo, ao qual todos devem temer e tremer! Osana nas maiores alturas!


Espero que, assim como o povo, sejam convencidos a largar as pedra que possuem nas mãos, pois sei que as seguram, às vezes com muito ímpeto e firmeza. Não endureçam o coração, sigam aquilo que o Mestre mandar/falar. Imitem-no! Convido a todos: sejam imitadores de Cristo! Afinal, a própria bíblia nos instrui a isto. (Efésios 5:1) 


E neste segundo momento, com quem você mais se identifica, com a mulher adúltera, como o povo hipócrita, ou com o próprio Jesus?


Estamos chegando ao fim, espero sinceramente que eu tenha conseguido transmitir realidade e vida ao artigo escrito. Espero que tenha sido desafiador. Que, com os textos escolhidos, o próprio Deus possa falar ao coração de cada leitor deste blog, de acordo com a necessidade de cada um. Espero persuadi-los as largar cada pedrinha que seguram, e é certo que todos nós possuímos, seja ela grande ou pequena, muitas ou poucas. Não tenha medo nem vergonha, não seja tolo, não espere até "matar" alguém com suas pedras para que venha perceber que elas são letais. Elas não somente machucam, mas, também, destroem! Não é fácil, mas é possível. Estamos tratando com o Deus que salva pecadores, que convence miseráveis, que ama seres ínfimos e insignificantes, o Deus do impossível. Se Ele pode tudo isto, Ele pode te ajudar neste desafio. Tenha fé, porque para largas as pedras, é preciso! 


Saiba: Somos exímios apedrejadores, ou atiramos nossas pedras nos outros, ou as largamos aos pés da cruz. 





Vai-te, e não peques mais! Paz.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Se mente no coração...

    Há muito tempo, na minha postagem anterior (Semeando (se)mentes, é bom dar uma conferida), vimos uma introdução sobre o que é ser cristão, como isso acontece e como é fácil perdermos o foco depois do nosso segundo início. No final eu fiz um post scriptum declarando minha intenção de continuar a exposição do assunto. Pois bem, ei-la aqui.



    "Removeu os altos, quebrou as colunas e deitou abaixo o poste-ídolo; e fez em pedaços a serpente de bronze que Moisés fizera, porque até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã."   2 Reis 18: 4

    O contexto da passagem bíblica supracitada é o reinado de Ezequias em Judá. Ele fez o que era reto perante Deus e se apegou ao Senhor de tal maneira que a Bíblia conta como esse rei lograva bom êxito para onde saísse (2 Rs 18:7). Nesse cenário encontramos a continuação da história de Neustã, a serpente de bronze feita por Moisés para evitar a morte do povo de Israel no deserto.
    Um relato rápido, muitas vezes ignorado pela maioria dos leitores, mas que pode nos ensinar muito.
    O primeiro ponto sobre o qual refletiremos é a origem e o fim desta serpente. O começo de tudo foi numa caminhada sem fim no meio de uma terra árida e sem vida, onde ela foi levantada para livrar o povo da disciplina do próprio Deus por causa da murmuração (Nm 21: 4 a 9); e o final foi em meio a idolatria do povo, que deu um nome e queimou incenso a ela. Assim, entendemos que o mesmo objeto que foi motivo e meio de salvação (usado por Deus) para o povo, mais tarde também se tornou motivo e meio de condenação para o mesmo. Pois a idolatria é uma transgressão do primeiro e do segundo mandamento, e na antiga aliança a punição muitas vezes era a morte (Lv 20:2; Dt 18:20).
    O segundo ponto consiste em  entendermos o motivo de o relato das práticas citadas no texto inicial ser considerado idolatria. A questão é a seguinte: por quê queimar incenso à serpente e lhe dar um nome é idolatria? Resposta: o Senhor, na sua infinita sabedoria, deu uma série de regras de adoração para Israel; uma delas era a queima do incenso (Ex 30:1 a 10) que tinha como significado, por exemplo, uma oração que era ouvida por Deus (Sl 141:2 "suba à tua presença minha oração como incenso"; Ap 5:8 "...taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos...").
    Também a relação entre aroma e olfato indicam a presença de vida, só o Deus Vivo poderia exigir tal forma de adoração, pois é Ele o criador da vida, do olfato e dos aromas. Por isso queimar incenso à serpente era idolatria, por que ela era um objeto inanimado, não tinha olfato e muito menos podia ouvir ou atender orações. Porém, as pessoas em busca de qualquer deus palpável, confundiram artesão com artesanato, criatura com criador, afinal de contas, pelo menos aquela serpente tinha feito alguma coisa pelo povo. Quanta enganação o coração humano pode conter!
    O terceiro ponto é a aplicação disso tudo em nossas vidas. Antes é preciso recordar qual é a ligação desse episódio conosco, cristãos contemporâneos. Para tanto, temos que ir para o Novo Testamento, em João 3: 14 e 15, quando Jesus fala: " E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha vida eterna." Sim, nós temos uma forte tendência a imitarmos o povo de Israel em todas as suas loucuras. Da mesma forma que eles pegaram aquele objeto sem vida e lhe queimaram incenso, lhe deram um nome e lhe fizeram súplicas, também nós tendemos a fazer isso com o homem que um dia foi levantado no madeiro. E não falo da idolatria óbvia às imagens e esculturas de Cristo, mas da falsidade das nossas mentes e corações. Muitos cristãos fazem orações vazias ou "queimam incenso da forma errada."
Transformam tudo em um ritual: ir para a igreja, cantar louvores, orar, ouvir a pregação, voltar pra casa, dormir, ir para o trabalho e etc.
    A verdade é que de tanto repetirmos a mesma coisa toda a semana, deixamos tudo no automático, paramos de pensar no que estamos fazendo, paramos de sentir e de nos dedicar. E assim acabamos nos transformando em idólatras, pois nossos louvores, orações e súplicas não são mais para o Criador, são para outra parte qualquer da criação, muitas vezes para o nada. São exemplos disso: cantar sem prestar atenção nas letras ou sequer entendê-las, repetir, mecanicamente, as mesmas coisas toda vez que ora ou olhar para o púlpito e pensar em tudo com a voz do pregador como música ambiente/ de ninar. Parece engraçado, mas esse é o tipo de coisa que vai minando, sutilmente, a caminhada cristã.
    Cuidado com o hábito e com os rituais. Não aja como o povo de Israel, pois está escrito " E que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo." (2ª Coríntios 6:16).
    Sigamos o exemplo de Ezequias. Temos que acabar com os nossos rituais e ídolos. Se nossas orações são vazias, devemos nos colocar de joelhos e clamar a Deus com toda a sinceridade de nossos corações. Se não sabemos quem louvamos e o que cantamos, temos que buscar verdadeiramente a Deus, procurar conhecê-lo na sua Palavra e entendermos tudo o que conseguirmos sobre sua divindade. Quando não queremos, ou não mais conseguimos, ouvir falar sobre Deus e o que Ele quer nos dizer através dos seus servos, então provavelmente já estamos frios e distantes, fracos na fé, apoiados na mais fraca fundação. Nessa hora, só nos resta pedir ajuda aos irmãos e amigos na fé, aos líderes e, principalmente, ao próprio Deus, por meio de seu Filho, pois o fardo dele é leve e o seu jugo é suave (Mt 11:28-30). E assim devemos continuar caminhando. Por mais estreito que seja o caminho é ele que nos leva à presença do Senhor no presente e na eternidade. Deus seja louvado.